A residência não habitual: um novo elemento de conexão na tributação da renda das pessoas físicas?

Uma pesquisa objetivada nas soluções adotadas em Portugal e Espanha

  • João Ricardo Catarino Universidade de Lisboa, Portugal
  • Daniela Esteves Universidade de Lisboa, Portugal
Palavras-chave: residência não habitual, planeamento fiscal, concorrência fiscal, imposto sobre a renda, sistemas fiscais, tributação de não residentes, critérios da residência, critérios da fonte

Resumo

As dificuldades económicas têm levado a União Europeia a adotar novas estratégias de competitividade, como o caso da denominada “Estratégia Europeia 2020” (CE, 1997; 1997a; 1998; 2010). Esta estratégia alargou-se à política fiscal de vários estadosmembros, através da qual eles têm vindo a adotar soluções fiscais inovadoras para aumentar o investimento e a sua competitividade, como é o caso dos regimes de tributação dos residentes não habituais (Catarino, 2016). Nesta pesquisa avaliamos a evolução do conceito de residência no imposto de renda das pessoas físicas como forma de atrair residentes qualificados e investimento.
Sistematizámos o regime dos residentes não habituais comparando das características entre Portugal e Espanha, e visámos determinar se os seus regimes de tributação são realmente mais atrativos do que o regime geral e, em caso afirmativo, em que termos. Apurámos
a existência de diferenças que possam influenciar a opção entre um ou outro por parte dos interessados. Concluímos que não há uma evolução no conceito de residência adotado, que a maior atratividade do referido regime se efetiva, através da aplicação das alíquotas de imposto de renda das pessoas físicas mais baixas e que a sua semelhança não permite concluir pela supremacia de um regime face ao outro.

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Biografia do Autor

João Ricardo Catarino, Universidade de Lisboa, Portugal

Investigador integrado no Centro de Administração e Políticas Públicas (http://capp.iscsp.ulisboa.pt/), centro de investigação registado na Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa. Doutor em Ciências Sociais na especialidade de Administração Pública pela Universidade de Lisboa. Professor de Fiscalidade, de Finanças Públicas e Direito Financeiro no ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade de Lisboa e no ISCAL – Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa. Membro de diversas Comissões de Reforma do sistema fiscal português (IVA (1986); IRS, IRC (1989), Impostos sobre o Património (2003/2004) e do IRS - Imposto sobre o rendimento das pessoas físicas (2014).

Daniela Esteves, Universidade de Lisboa, Portugal

Licenciada em Contabilidade e Administração, ramo Fiscalidade pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa do Instituto Politécnico de Lisboa. Contabilista Certificada da Ordem dos Contabilistas Certificados de Portugal. Actualmente encontra-se a frequentar a pós-graduação em Direito Fiscal no Instituto de Direito Económico Financeiro e Fiscal, da Faculdade de Direito de Lisboa, Universidade de Lisboa.

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Publicado
2020-07-08
Como Citar
Catarino, J. R., & Esteves, D. (2020). A residência não habitual: um novo elemento de conexão na tributação da renda das pessoas físicas?. Revista De La Facultad De Derecho, (49), e20204911. https://doi.org/10.22187/rfd2020n49a11
Seção
Doutrina